DIVÓRCIO
"Assim, eles já
não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu não separe o
homem." (Mateus 19:6)
Assim como, nos Dez Mandamentos, o Eterno ordenou para não
matar, não roubar, não cobiçar, etc. O teor de autoridade das palavras de Jesus
aplicada em Mt. 19:6 é o mesmo de os Dez Mandamentos; e eu ousaria dizer que
essa ordem do amado Mestre (“..., O QUE DEUS UNIU NÃO SEPARE O HOMEM.”) seria
como se fosse o “11º Mandamento”.
O Eterno ordenou: “não matarás”, no entanto o homem
mata;
“não cobiçarás”, no entanto o homem cobiça;
Da mesma maneira Jesus ordenou: “não separe o
homem”, mas em desobediência o homem separa.
"Assim, eles já
não são dois, mas sim uma só carne....”
Sou casado há 17 anos e tenho dois casais de filhos. Sou
apaixonado, enamorado pela minha casa. E a cada dia, mês e ano que passa
percebo o quanto sou dependente de minha esposa, assim como meu braço direito é
dependente do esquerdo. Se eu viesse a perder meu braço esquerdo e no lugar
fosse colocado uma prótese, o relacionamento do braço direito com o
braço-prótese jamais seria o mesmo que com o original. Nunca teria a mesma sincronia, a mesma naturalidade.
Seria um relacionamento mecânico. Não teria a mesma química que com o
braço/esposa original.
“É permitido ao homem separar-se (repudiar) de sua esposa?” (Mc.
10:2)
Devemos entender a pergunta dos
fariseus:
A palavra que o N.T. usa para traduzir “repúdio” vem do verbo grego apoluo. Esta é a
palavra que os autores do Novo Testamento usaram como equivalente a shalach - שַׁלַּח (“deixar”ou “repudiar”) do Primeiro Testamento. Havia virado
costume comum para o marido israelita o repudiar a sua esposa. Mas “repudiar”
não tinha o mesmo sentido que entendemos hoje de “divorciar”.
Apoluo, a palavra grega que significa
deixar de lado ou repudiar, não
significava tecnicamente um divórcio, apesar de às vezes ser usada como
sinônimo. Tratava-se de um termo de domínio total masculino: o homem com
freqüência tomava outras esposas e não dava carta de divórcio quando abandonava
a anterior. As mulheres eram “repudiadas” quando seu marido se casava com
outra, para estarem disponíveis quando este necessitava dela ou a queria
novamente, repudiadas para serem sempre propriedade, como escravas, ou ficando
em isolamento total. Elas eram “repudiadas” para favorecer outras, mas não lhes
era dada carta de “divórcio” e, consequentemente, tampouco o direito de se
casarem novamente. Essa palavra descreve uma tradição cruel e comum, mas
contrária à lei judaica. Algumas das injustiças e do terror experimentados
pelas mulheres daquele tempo que eram “repudiadas” podem ser vistas na
descrição que o Langenscheidt Pocket Hebrew Dictionary (McGraw-Hill, 1969) faz
da palavra shalach (שַׁלַּח): “A fé cristã lançou raízes e floresceu em uma
atmosfera quase totalmente pagã, onde a crueldade e a imoralidade sexual eram
normais e onde a escravatura e a inferioridade da mulher eram quase universais.”
Então a pergunta dos fariseus foi: “É permitido ao homem deixar (de lado) sua mulher e casar-se com outra?”
Ao que Jesus responde com outra
pergunta:
“O que lhes ordenou Moisés?” (v.
3)
Ou:
“Essa é a
tradição de vocês. Foi isso que lhes ordenou Moisés?” (Paráfrase)
E eles replicaram: “Moisés permitiu que o homem desse à sua mulher uma
certidão de divórcio e a mandasse embora” (v. 4)
A
diferença entre “repudiar” e “divorciar” (no grego apoluo e apostasion) é
crítica.
1. Apoluo indicava que a mulher era escrava,
repudiada, sem direitos, sem recursos, roubada em seus direitos básicos ao
casamento monogâmico.
2. Apostasion
significava que o casamento
terminava, sendo-lhe permitido um casamento legal subseqüente.
O sentido
de “apoluo / repudiar” supracitado que era comum à época, também era contrário
à lei judaica.
·
O que dizia a Lei?
A
Lei de Moisés permitia que o marido israelita repudiasse sua mulher, mas os
motivos pelos quais ele podia tomar tal deliberação tinham algumas restrições:
1.
Eram tidos como problemas graves na
sociedade israelita a mulher ser incapaz de gerar filhos,
2.
possuir defeito físico,
3.
fluxo irregular de sangue durante a
menstruação,
4.
proceder
com descuido durante o período menstrual e no descuido outras pessoas
ter contato com o sangue.
A pessoa que tivesse contato era considerada
cerimonialmente impura, o que impelia a todos a exigir cuidados redobrados (Levíticos 15.19, 27).
Se
um israelita casasse com uma mulher com este perfil poderia assinar um
documento de divórcio e mandá-la embora de casa.
E
se depois de divorciada essa mulher viesse a se casar com outro israelita e
neste segundo casamento ela ficasse viúva novamente ou se tornasse divorciada,
o primeiro marido era impedido de reatar laços matrimoniais com a
ex-esposa.
Nestes
casos, entre os judeus não era errado a mulher casar outra vez.
A
mulher israelita divorciada de dois maridos não tinha impedimento algum
para casar-se de novo, desde que não fosse com seu primeiro marido
(Deuteronômio 24.1-2).
O
veto ao primeiro marido era uma maneira de coibir aos homens agirem impetuosamente
contra suas esposas e de proteger a reputação das mulheres, que poderia ser
vista com alguém imoral e de más intenções.
(LEBD 2013)
Com a resposta que
os fariseus deram a Jesus, fica claro que o deixar de lado (repudiar) a esposa
e casar com mais uma não é licito.
Na sequência Jesus condena a permissão do divorcio instituída
por Moisés, vejam:
“Moisés vos deixou escrita essa
lei por causa da dureza dos vossos corações!
Mas não foi assim desde o
princípio. Deus os fez homem e mulher”.
‘Por esta razão, o homem deixará pai e mãe e
se unirá à sua esposa,
e os dois se tornarão uma só carne’. Dessa
forma, eles já não são dois, mas sim uma só carne.
Portanto, o que Deus uniu, não o separe o ser humano!” Mc. 10:
5-9
Com isso o Senhor está condenando não só o divorcio, mas
também o repudio (apoluo- Gr. / shalach – Hb.).
·
HÁ ALGUMA CONDIÇÃO
BÍBLICA PARA O DIVÓRCIO?
O Senhor responde de forma clara e definitiva: “..., a não ser por
causa de infidelidade,...” Mt. 5:31
· O ETERNO
AUTORIZA OU NÃO?
Sim, mas essa autorização está condicionada.
Jesus
reconheceu que em caso de adultério o divórcio possa ser uma triste medida
necessária em caso do cônjuge adúltero ter coração endurecido e não se
arrepender de sua infidelidade e manter-se infiel, ou de a parte ofendida ter
seu coração endurecido e não ser capaz de perdoar o cônjuge adúltero que se
arrependeu e se dispõe a voltar a dedicar-se de maneira correta ao laço
conjugal.
(Por. Eliseu Antonio Gomes)
·
HÁ ALGUMA SITUAÇÃO
EM QUE É PERMITIDO O DIVORCIADO CONTRAIR NOVO MATRIMÔNIO?
Sim, em caso de infidelidade conjugal.
Para o ofendido, só é permitido o novo matrimônio caso o
ofensor não se arrependa do seu erro.
Já para o ofensor, de forma legal, se arrependido, no caso de a parte ofendida ter seu coração
endurecido e não for capaz de perdoar.
·
E um casal que está no segundo casamento e se converte nessa
situação?
Para um casal que antes de conhecer a Cristo se divorciaram
dos seus respectivos cônjuges e se casaram e após conheceram o evangelho, para esses o tempo da ignorância não é levado
em conta. (At. 17:30; 1 Tm. 1:13; 1 Pd. 1:14)
·
Mas se o convívio marital
estiver insuportável, o que fazer?
Existe um ditado popular que diz que é normal
haver “briguinhas” em um casamento.
Se atentarmos para as sagradas Escrituras,
veremos que esse “ditado” não deve se aplica no contexto cristão.
Toda
mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos.
(Pv. 14:1)
O
temor do Senhor é a instrução da sabedoria, e precedendo a honra vai a
humildade. (Pv. 15:33)
Do mesmo modo, mulheres, sujeitem-se a seus
maridos, a fim de que, se alguns deles não obedecem à palavra, sejam ganhos sem
palavras, pelo procedimento de sua mulher,
observando a conduta honesta e respeitosa de vocês.
A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores, como cabelos trançados e jóias de ouro ou roupas finas.
Pelo contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza demonstrada num espírito dócil e tranqüilo, o que é de grande valor para Deus.
Pois era assim que também costumavam adornar-se as santas mulheres do passado, que colocavam a sua esperança em Deus. Elas se sujeitavam a seus maridos,
como Sara, que obedecia a Abraão e lhe chamava senhor. Dela vocês serão filhas, se praticarem o bem e não derem lugar ao medo.
1Pd. 3:1-6
observando a conduta honesta e respeitosa de vocês.
A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores, como cabelos trançados e jóias de ouro ou roupas finas.
Pelo contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza demonstrada num espírito dócil e tranqüilo, o que é de grande valor para Deus.
Pois era assim que também costumavam adornar-se as santas mulheres do passado, que colocavam a sua esperança em Deus. Elas se sujeitavam a seus maridos,
como Sara, que obedecia a Abraão e lhe chamava senhor. Dela vocês serão filhas, se praticarem o bem e não derem lugar ao medo.
1Pd. 3:1-6
Falando aos maridos:
Do mesmo modo vocês, maridos, sejam sábios no
convívio com suas mulheres e tratem-nas com honra, como parte mais frágil e
co-herdeiras do dom da graça da vida, de forma que não sejam interrompidas as
suas orações.
Quanto ao mais, tenham todos o mesmo modo de pensar, sejam compassivos, amem-se fraternalmente, sejam misericordiosos e humildes.
1Pd. 3:7,8
Quanto ao mais, tenham todos o mesmo modo de pensar, sejam compassivos, amem-se fraternalmente, sejam misericordiosos e humildes.
1Pd. 3:7,8
·
O
que fazer para evitar a tentação de se sentir atraído sexualmente por outra
pessoa que não o seu cônjuge?
O apostolo Paulo é muito claro neste assunto, quando escreve
aos coríntios (1Co. 7).
“O marido pague à mulher a
devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido”. 1Co. 7:3
No versículo 3 Paulo diz ao marido: “O marido satisfaça
sexualmente à sua mulher,...”
No mesmo tom ele fala à mulher: “...e da mesma forma a mulher
satisfaça ao marido sexualmente. ”
Vejam o que diz o comentário da Bíblia Dake:
“Gr. Eumoia, boa
vontade, vontade. Somente aqui e em Efésios 6:7. Significa que a esposa e o
marido devem respeitar um ao outro com relação às necessidade sexual lícitas;
pagar sua divida matrimonial e cumprir seu dever conjugal para com o cônjuge,
satisfazendo-se mutuamente. Se eles não obedecerem a esta determinação, um pode
ser responsável pela infidelidade do outro.”
Quantos maridos que decidem fazer campanhas de oração
intermináveis, sem o consentimento mutuo da esposa. E ela acaba por passar por
grades tentações, por causa da insensatez do marido. Ou, o oposto. A esposa
decide entrar em campanha sem combinar com o marido. Vejam o que o apostolo
Paulo fala a esse respeito:
“A mulher não tem poder
sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido;...”
Quantas mulheres inventam
mil e uma desculpa quando o esposo à procura.
“,...e também da mesma maneira o marido não
tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher.”
E quantos maridos dizem que
estão cansados e deixam suas esposas com o apetite sexual à flor da pele,
sujeitas a tentação.
Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência. 1 Coríntios 7:4,5
“Assim devem os maridos amar
as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher,
ama-se a si mesmo.” Efésios 5:28
“Vós, maridos, amai vossas
mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela,”
Efésios
5:25
Conclusão
Só haverá contenda, dentro de casa, se eu não amar à minha
esposa a ponto de me entregar por ela. E esse amor tem que ser mutuo.
Verão de 2017
Pb. Marcelo Amaral
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