domingo, 10 de novembro de 2013

A inerrância da Escritura



1. O significado de inerrância.
A respeito da veracidade da Escritura.
Essa questão é de grande importância no mundo evangélico hoje porque em muitos círculos a veracidade da Escritura tem sido questionada ou mesmo abandonada. Com a evidência dada acima a respeito da veracidade da Escritura, estamos agora na posição de definir a inerrância bíblica: A inerrância da Escritura significa que a Escritura, nos seus manuscritos originais, não afirma nada que seja contrário ao fato. Essa definição enfoca a questão da veracidade e da falsidade na linguagem da Escritura. A definição em termos simples significa apenas que a Bíblia sempre diz a verdade e que ela sempre diz a verdade a respeito de cada coisa a que se refere. Essa definição não significa que a Bíblia nos diz cada fato que há para conhecer a respeito de um assunto, mas afirma que o que ela diz a respeito de um assunto é verdadeiro. É importante perceber no começo desta discussão que o foco desta controvérsia é sobre a questão da veracidade na linguagem. Deve-se reconhecer que a veracidade absoluta na linguagem está de acordo com alguns outros tipos de afirmações, como as que se seguem:

a. A Bíblia pode ser inerrânte e ainda falar a linguagem habitual da conversação diária.
Isso é especialmente verdadeiro nas descrições de fatos ou eventos de caráter “científico” ou “histórico”. A Bíblia pode falar do sol que se levanta e da chuva que cai por causa perspectiva do narrador, que é exatamente o que acontece. Da perspectiva do narrador, o sol realmente se levanta e a chuva realmente cai, e essas são descrições perfeitamente verdadeiras dos fenômenos naturais que o narrador observa. Uma consideração similar aplica-se aos números quando usados para contar ou para medir. Um repórter pode dizer que 8000 homens foram mortos em determinada batalha sem, desse modo, sugerir que ele contou cada um e que não havia 7 999 ou 8001 soldados mortos. Isso é verdade também a respeito das medidas. Se eu digo: “Não moro longe da biblioteca”, ou “Moro a pouco mais de um quilômetro da biblioteca”, ou “Moro a um pouquinho menos de um quilômetro da biblioteca” ,ou “Moro a um quilômetro e meio da biblioteca”, todas essas afirmações possuem certo grau de proximidade e de exatidão. Em ambos os exemplos, e em muitos outros que poderiam ser retirados da vida diária, os limites da veracidade dependeriam do grau de precisão sugerido pelo narrador e esperado por seus ouvintes originais. Não haveria problema para nós, então, em afirmar que, ao mesmo tempo em que a Bíblia é absolutamente verdadeira em tudo o que diz, ela usa a linguagem comum para descrever os fenômenos naturais e dar aproximações ou números redondos quando eles são apropriados no contexto.

b. A Bíblia pode ser inerrante e, todavia, incluir citações livres ou soltas.
O método pelo qual uma pessoa cita as palavras de outra é um procedimento que em grande parte varia de cultura para cultura. Enquanto na cultura contemporânea americana e inglesa costumamos mencionar as palavras exatas de uma pessoa fazendo citações entre aspas, o grego escrito no tempo do NT não possuía aspas ou qualquer espécie de sinalização equivalente, e a citação exata de outra pessoa precisava incluir somente a apresentação correta do conteúdo do que a pessoa havia dito (mais ou menos como o nosso uso de citações indiretas); não era esperado que cada palavra fosse citada com exatidão. Assim, a inerrância é coerente com citações livres ou soltas do AT ou das palavras de Jesus, por exemplo, contanto que o conteúdo não seja falso em relação ao que originariamente foi afirmado. O escritor original não sugeriu de forma geral que estivesse usando as palavras exatas de um narrador e somente aquelas, nem os ouvintes originais esperavam a citação textual em tal narração.

c. As construções gramaticais incomuns ou excepcionais na Bíblia não contradizem a inerrância.
Alguma coisa da linguagem na Escritura é elegante e estilisticamente excelente. Outras passagens da Escritura contêm linguagem mais própria das pessoas comuns. As vezes isso inclui a falha em seguir as regras de expressão usualmente aceitáveis (como o uso de um verbo no plural, quando as regras gramaticais exigem um verbo no singular). Essas afirmações gramaticais estilisticamente incorretas (muitas delas são encontradas no livro de Apocalipse) não devem ser problema para nós, pois elas não afetam a veracidade das afirmações em pauta; a afirmação pode não ser gramaticalmente correta e, todavia, ser totalmente verdadeira. Por exemplo, o lenhador da área rural que não possua educação formal pode ser o homem mais confiável da região, mesmo que a sua gramática seja pobre, porque ele ganhou a reputação de nunca mentir. De modo semelhante, há algumas afirmações na Escritura (nas línguas originais) que não são corretas gramaticalmente (de acordo com os padrões vigentes da boa gramática naquele tempo), mas são ainda inerrantes porque são completamente verdadeiras. Deus usou pessoas comuns que usaram o seu vocabulário comum. A questão não é a elegância de estilo, mas a veracidade no falar.

2. Alguns desafios comuns a inerrância.
Nesta seção vamos examinar algumas das objeções mais importantes que são regularmente levantadas contra o conceito de inerrância. A Bíblia é a única regra repleta de autoridade para a “fé e prática”. Uma das objeções mais freqüentes à inerrância é levantada por aqueles que dizem que o propósito da Escritura é ensinar-nos em áreas que dizem respeito à “fé e prática” somente, isto é, nas áreas que dizem respeito diretamente à nossa fé religiosa ou nossa conduta ética. Essa posição permite a possibilidade de afirmações falsas na Escritura, como, por exemplo, em outras áreas como a de detalhes históricos sem maior importância ou em fatos científicos — essas áreas, é dito, não dizem respeito ao propósito da Bíblia, que é o de nos instruir sobre em que devemos crer e como devemos viver. Os defensores dessa posição muitas vezes preferem dizer que a Bíblia é infalível, mas hesitam em usar a palavra inerrante. A resposta a essa objeção pode ser afirmada do seguinte modo: A Bíblia repetidamente afirma que toda a Escritura é útil para nós e que tudo é “inspirado por Deus” (2Tm 3.16). Assim, ela é completamente pura (Sl 12.6), perfeita (Sl 119.96) e verdadeira (Sl 119. 160).A Bíblia não faz ela própria qualquer restrição aos assuntos sobre os quais fala com toda a verdade.
O NT contém afirmações adicionais sobre a confiabilidade de todas as partes da Escritura. Em Atos 24.14, Paulo diz que ele adora a Deus, acreditando “em tudo o que concorda com a Lei e no que está escrito nos Profetas”. Em Lucas 24.25 (RA), Jesus diz que os discípulos são “néscios” porque eram “tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram”. Em Romanos 15.4, Paulo diz que “tudo o que foi escrito no passado” no AT “foi escrito para nos ensinar”. Esses textos não dão indicação alguma de que haja qualquer parte da Escritura que não seja digna de confiança ou na qual não se possa confiar completamente. O rápido exame do detalhes históricos do AT que são citados no NT indica que os escritores do NT estavam desejosos de confiar na veracidade de qualquer parte das narrativas históricas do AT. Nenhum detalhe é tão insignificante que não possa ser usado para a instrução dos cristãos do NT (v.,por ex., Mt 12.3,4,41; Lc 4.25,26; Jo 4.5; Co 10.11; Hb 11; Hb 12.16,17; Tg 2.25; 2Pe 2.16 etc.). Não há indicação alguma de que eles pensassem que uma categoria de afirmações da Escritura não fosse confiável (por exemplo, afirmações “históricas e científicas” como opostas às passagens de caráter doutrinário ou moral). Parece claro que a Bíblia em si mesma não dá suporte a qualquer restrição com respeito a assuntos dos quais ela fala com autoridade e verdade absoluta; de fato, muitas passagens na Escritura realmente excluem a validade desta espécie de restrição. A segunda resposta aos que limitam a veracidade necessária da Escritura a matérias de “fé e prática” é que o pensamento deles confunde o propósito principal da Escritura com o propósito total dela. Dizer que o propósito principal da Escritura é ensinar-nos em matéria de “fé e prática” é fazer um sumário útil e correto do propósito de Deus em nos dar a Bíblia. Mas, como sumário, ele inclui somente o propósito mais proeminente de Deus ao nos dar a Escritura. Não é, contudo, legítimo usar esse sumário para negar que é parte do propósito da Escritura discorrer a respeito de detalhes históricos menos importantes ou a respeito de alguns aspectos de astronomia ou geografia, e assim por diante. Um sumário não pode ser devidamente usado para negar uma das coisas que ele está sintetizando! É melhor dizer que o propósito total da Escritura é dizer tudo o que ela diz, qualquer que seja o assunto. Cada uma das palavras de Deus na Escritura foi considerada por ele como importante para nós. Assim, Deus emite severas advertências a qualquer um que retire mesmo uma só palavra do que ele nos disse (Dt 4.2; 12.32; Ap 22.18,19). Não podemos acrescentar nada às palavras de Deus ou retirar algo delas, porque todas são parte do propósito mais amplo que ele nos quis comunicar. Cada coisa afirmada na Escritura está ali porque Deus quis que estivesse. Deus não diz nada sem propósito!

O termo inerrância é um termo pobre.
As pessoas que fazem essa segunda objeção dizem que o termo inerrância é preciso demais e que no uso comum denota uma espécie de precisão científica absoluta que não queremos reivindicar para a Escritura. Além disso, os que levantam essa objeção observam que o termo inerrância não é usado na própria Bíblia. Portanto, eles dizem, provavelmente não é o termo apropriado sobre o qual devamos insistir. A resposta a essa objeção pode ser feita do seguinte modo: Primeiro, a palavra tem sido usada por estudiosos há mais de cem anos, e eles sempre têm atentado para “limitações” que fazem parte de uma narrativa na linguagem comum. Ademais, deve ser observado que muitas vezes usamos termos não bíblicos para resumir um ensino bíblico. A palavra Trindade não ocorre na Escritura, nem a palavra encarnação. Todavia, ambos os termos são muito úteis porque nos permitem sintetizar em uma palavra um conceito bíblico verdadeiro e são, portanto, úteis para capacitar-nos a discutir um ensino bíblico mais facilmente. Finalmente, hoje na igreja parece que somos incapazes de levar a discussão adiante nessa matéria sem o uso do termo. As pessoas podem objetar a termos, se quiserem, mas, gostando ou não, esse é o termo em torno do qual a discussão tem-se desenvolvido e quase certamente continuará a sê-lo nas próximas décadas. Portanto, parece apropriado manter seu uso na discussão a respeito da veracidade completa da Escritura.
Não possuímos nenhum manuscrito inerrante. Portanto, falar a respeito de inerrância é um engano. Os que fazem essa objeção apontam para o fato de que a inerrância sempre tem sido reivindicada para o documento original ou para as cópias originais dos documentos bíblicos. Todavia, nenhuma delas sobrevive; temos somente cópias de cópias do que Moisés, Paulo ou Pedro escreveram. Qual é, então, a razão de se atribuir tanta importância à doutrina que se aplica somente aos manuscritos que ninguém possui? Em resposta a essa objeção, podemos primeiro pensar em uma analogia da história americana. A cópia original da Constituição dos Estados Unidos está guardada no edifício chamado National Archives, em Washington, DC. Se por causa de um terrível evento o edifício for destruído e a cópia original da Constituição se perder, poderíamos saber o que a Constituição dizia? Claro que sim! Nós compararíamos suas centenas de cópias e, onde todas concordassem, teríamos razão para crer que temos as palavras exatas do documento original. Processo semelhante ocorreu na determinação das palavras originais da Bíblia. Pois, em cerca de 99% das palavras da Bíblia, nós sabemos o que o manuscrito original dizia. Mesmo que em muitos versículos haja variantes textuais (isto é, palavras diferentes em diferentes cópias antigas do mesmo versículo), a decisão correta é com freqüência bastante clara (pode haver um óbvio erro de copista, por exemplo), e há realmente pouquíssimos lugares onde a variante textual seja ao mesmo tempo difícil de avaliar e relevante para a determinação do sentido do texto. Em porcentagem pequena de casos em que há incerteza significativa a respeito do que o texto original dizia, o sentido geral da frase em geral é suficientemente claro por causa do contexto. Isso não significa que o estudo das variantes textuais não seja importante, mas significa que o estudo das variantes textuais não nos deixa confusos a respeito do que os manuscritos originais disseram. Ao contrário, esse estudo nos aproxima do conteúdo dos manuscritos originais. Porque, para a maior parte dos propósitos práticos, os textos especializados presentemente publicados do hebraico do AT e do grego do NT são como se fossem os manuscritos originais. Portanto, a doutrina da inerrância afeta como pensamos não somente a respeito dos manuscritos originais, mas também a respeito dos manuscritos atuais.
Os autores bíblicos “acomodaram” suas mensagens nos detalhes menos importantes às falsas idéias correntes em seu tempo e afirmaram ou ensinaram essas idéias de modo incidental. Os que sustentam essa posição argumentam que teria sido muito difícil para os escritores bíblicos comunicar-se com o povo de seu tempo se tivessem tentado corrigir toda a falsa informação histórica e científica aceita por seus contemporâneos (como o universo de três andares ou que nosso planeta é uma espécie de prato plano, e assim por diante). Portanto, dizem, quando os autores da Escritura estavam tentando propor um argumento mais amplo, algumas vezes incidentalmente fizeram certas afirmações falsas aceitas pelas pessoas de sua época. A essa objeção à inerrância podemos responder que Deus é o Senhor da linguagem que pode usar a linguagem humana para comunicar-se perfeitamente sem ter de afirmar quaisquer idéias falsas que possam ter sido sustentadas pelas pessoas contemporâneas aos autores da Escritura. Além disso, tal “acomodação” de Deus ao nosso entendimento errôneo implicaria que Deus agiu contrariamente ao seu caráter de um Deus que não pode mentir (Nm 23.19; Tt 1.2; Hb 6.18). Embora Deus se rebaixe a falar a língua dos seres humanos, nenhuma passagem da Escritura ensina que ele seja ‘‘condescendente’’a ponto de agir de modo contrário ao seu caráter moral. Essa objeção, assim, em sua raiz, interpreta mal a pureza e a unidade de Deus na medida em que elas afetam todas as suas palavras e os seus atos.

Há alguns erros claros na Bíblia.
Para muitos que negam a inerrância, a convicção de que há alguns erros evidentes na Escritura é o fator de maior importância que os persuade a desafiar a doutrina da inerrância. Em cada caso, contudo, a primeira resposta que deveria ser dada a essa objeção é perguntar onde os erros estão, ou em qual versículo específico ou versículos esses “erros” ocorrem. É surpreendente ver quantas vezes essa objeção é levantada por pessoas que têm pouca ou nenhuma ideia sobre onde os erros específicos estão. Todavia creem que há erros porque outros disseram que há. Em outros casos, contudo, alguns mencionam uma ou mais passagens específicas onde, segundo alegam, há uma afirmação falsa na Escritura. Em muitos exemplos, o exame cuidadoso do texto bíblico em si trará à luz uma ou mais soluções possíveis para a dificuldade alegada. Em poucas passagens, nenhuma solução para a dificuldade pode ficar imediatamente evidente da leitura do texto em nossa língua. A essa altura é útil consultar alguns comentários sobre o texto. Há uns poucos textos em que certo conhecimento do hebraico ou grego talvez seja necessário a fim de se encontrar a solução, e quem que não possui acesso de primeira mão a essas línguas terá de encontrar respostas em um comentário mais técnico ou servir-se de alguém que possua treinamento para isso. Naturalmente, o nosso entendimento da Escritura nunca é perfeito, e isso significa que pode haver casos em que não seremos capazes de encontrar solução para uma passagem difícil no presente momento. Isso é assim porque a evidência linguística, histórica ou contextual de que precisamos para entender a passagem corretamente ainda é desconhecida para nós. Essa dificuldade em pequeno número de passagens não deve incomodar-nos, desde que o padrão total de nossa investigação dessas passagens mostre que não há, de fato, nenhum dos erros alegados.
Finalmente, a perspectiva histórica sobre essa questão é útil. Não há realmente quaisquer problemas “novos” na Escritura. A Bíblia em sua totalidade tem mais de dezenove séculos, e os pretensos “textos-problema” estavam ali o tempo todo. Todavia, no decorrer de toda a história da igreja há a firme crença na inerrância das Escrituras no sentido em que ela foi definida neste capítulo. Além disso, há centenas de anos estudiosos muito competentes da Bíblia leem e estudam esses textos-problema e ainda não encontraram dificuldade em sustentar a inerrância. Isso deveria deixar-nos confiantes em que as soluções para esses problemas estão disponíveis e em que a crença na inerrância está totalmente de acordo com a duradoura atenção dedicada ao texto da Escritura.

3. Problemas com a negação da inerrância.
Os problemas que aparecem com a negação da inerrância bíblica são muito significativos e, quando entendemos a magnitude desses problemas, isso nos dá o encorajamento adicional não somente para afirmar a inerrância, mas também para garantir sua importância para a igreja. Alguns dos problemas mais sérios são os listados a seguir:

a. Se negarmos a inerrância, deparamos com um sério problema moral: Podemos imitar Deus e intencionalmente mentir nas pequenas coisas também? Efésios 5.1 nos diz que sejamos imitadores de Deus. Mas a negação de inerrância que ainda alega que as palavras da Escritura são palavras sopradas por Deus necessariamente leva à conclusão de que Deus intencionalmente falou falsamente para nós em algumas das afirmações menos centrais da Escritura. Mas, se para Deus é correto agir assim, como pode ser errado para nós? Tal linha de raciocínio, se crêssemos nela, exerceria grande pressão sobre nós para que começássemos a falar inverdades em situações onde poderiam parecer de ajuda em nossa comunicação, e assim por diante. Essa posição seria uma ladeira escorregadia com resultados negativos sempre crescentes em nossa vida.

b. Segundo, se a inerrância é negada, começamos a pensar se realmente podemos confiar em Deus em qualquer coisa que ele venha a dizer.
Uma vez que nos convençamos de que Deus nos falou de maneira falsa em alguns assuntos de menor importância na Escritura, percebemos que Deus é capaz de nos falar falsamente. Isso ocasionará um efeito prejudicial sério sobre a nossa capacidade de levar Deus a sério em sua palavra e confiar nele completamente ou obedecer a ele plenamente no restante da Escritura. Podemos começar a desobedecer inicialmente nas seções da Escritura que menos desejaríamos obedecer, e desconfiar inicialmente das seções nas quais estaríamos menos inclinados a confiar. Mas tal procedimento finalmente se expandirá, para grande prejuízo de nossa vida espiritual.

c. Terceiro, se negarmos a inerrância, essencialmente faremos da mente o padrão de verdade mais alto que a própria Palavra de Deus.
Usamos nossa mente para estabelecer juízo sobre algumas partes da Palavra de Deus e as pronunciamos como contendo erros. Mas isso é, de fato, dizer que conhecemos a verdade com mais certeza e mais exatidão que a própria Palavra de Deus (ou que Deus), ao menos nessas áreas. Tal procedimento, que torna nossa mente o padrão mais alto de verdade que a Palavra de Deus, é a raiz de todo o pecado intelectual.

d. Quarto, se negarmos a inerrância, devemos também dizer que a Bíblia esta errada não somente nos detalhes menos importantes, mas igualmente em algumas de suas doutrinas.
A negação da inerrância significa dizermos que o ensino da Bíblia a respeito da natureza da Escritura e a respeito da veracidade e confiabilidade das palavras de Deus também é falso. Esses não são pequenos detalhes, e sim preocupações doutrinárias muito importantes na Escritura.
e. A Palavra de Deus escrita é a nossa autoridade final. É importante perceber que a forma final na qual a Escritura é cheia de autoridade é a forma escrita. Foram as palavras de Deus escritas em tábuas de pedra que Moisés depositou na arca da aliança. Mais tarde, Deus ordenou a Moisés e subsequentemente aos profetas para escreverem suas palavras em um livro. Foi a Palavra de Deus escrita que Paulo disse ser ”inspirada” (gr. graphē em 2Tm 3.16). Isso é importante porque as pessoas às vezes (de forma intencional ou não) tentam substituir as palavras escritas da Escritura por algum outro padrão final. Por exemplo, elas se referem ao “que Jesus realmente disse” e afirmam que, quando traduzimos as palavras gregas dos evangelhos para a língua aramaica que Jesus falou, podemos obter entendimento melhor das palavras de Jesus do que foi dado pelos escritores dos evangelhos. Em outros casos, há quem alegue conhecer ”o que Paulo realmente pensava” mesmo quando esse conhecimento é diferente do significado das palavras que ele escreveu. Ou falam do “que Paulo teria dito se ele tivesse sido coerente com o restante de sua teologia”. De modo semelhante, outras pessoas falam da “situação da igreja à qual Mateus está escrevendo” e tentam dar força normativa tanto para essa situação como para a solução que pensam que Mateus estava tentando produzir nessa situação.
Em todos esses exemplos, devemos admitir que perguntar a respeito das palavras ou situações que estão por trás do texto da Escritura pode, às vezes, ser útil para nós no entendimento do que o texto significa. Não obstante, nossas reconstruções hipotéticas dessas palavras ou situações podem nunca substituir ou competir com a própria Escritura como a autoridade final, nem devemos permitir que contradigam ou levantem dúvidas sobre a exatidão de qualquer das palavras da Escritura. Devemos continuamente relembrar que temos na Bíblia as verdadeiras palavras de Deus, e não podemos tentar “melhorá-las” de algum modo, pois isso não pode ser feito. Ao contrário, devemos procurar entendê-las e, então, confiar nelas e obedecer a elas de todo o nosso coração.
Embora as posições indesejáveis listadas acima estejam logicamente relacionadas à negação da inerrância, uma Palavra de advertência se faz necessária: nem todos que negam a inerrância adotarão também as conclusões indesejáveis mencionadas. Algumas pessoas (provavelmente de modo incoerente) negarão a inerrância, mas não caminharão para esses passos lógicos. Em debates sobre a inerrância, como em outras discussões teológicas, é importante que critiquemos as pessoas com base nas idéias que elas realmente sustentam e que distingamos claramente essas idéias das posições que pensamos que elas sustentam, para ver se estas estão de acordo com as próprias idéias afirmadas.


Fonte: Teologia Sistemática, Editora Vida Nova, Inerrância da Escritura
Autor: Wayne Grudem.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A ÁGUIA E A GALINHA


Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas.
Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista: - Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
- De fato - disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
- Não - retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.- Não, não - insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia. Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:
- Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.
O camponês comentou: - Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha! - Não - tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia.
Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.
O camponês sorriu e voltou à graça: - Eu lhe havia dito, ela virou galinha! - Não - respondeu firmemente o naturalista.
Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia.Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe: - Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe! A águia olhou ao redor.

Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou.
Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.
Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez mais para o alto. Voou... voou... até confundir-se com o azul do firmamento..." Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus! Mas há pessoas que nos fazem pensar como galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, abramos as asas e voemos.

Voemos como águias. Cada pessoa tem dentro de si uma águia. Ela quer nascer. Sente o chamado das alturas. Busca o sol. Por isso somos constantemente desafiados a libertar a águia que nos habita. Sejamos águias em nossas vidas e não galinhas! E você, já se preparou para alçar seus vôos?


(Parábola citada em livro de Leonardo Boff)

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Moisés viu a face de Deus? Resposta a um colega de trabalho.

Moisés falava com Deus face a face.
 Ele via a face de Deus?
 Resposta que enviei a um colega de trabalho.
 "Marcelo Amaral" <mmkf @...ail.com>
 Para: c...power100@gmail.com


 Falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo” (Êxodo 33:11). Mas no mesmo capítulo,“Disse o SENHOR a Moisés:...Não me poderá ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá.... tu me verás pelas costas; mas a minha face não se verá” (Êxodo 33:17,20,23). A Bíblia se contradiz, até no mesmo capítulo? Vamos considerar esta questão.
 João afirma: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” (João 1:18). Jesus disse: “Não que alguém tenha visto o Pai, salvo aquele que vem de Deus; este o tem visto” (João 6:46; veja 5:37). Essas expressões destacam a santidade de Deus (veja 1 Timóteo 6:16).
 Algumas vezes nas Escrituras encontramos aparições do Pai, mas nunca incluem nenhuma descrição das feições do seu rosto. Ezequiel fala de uma figura resplandecente e diz: “Esta era a aparência da glória do SENHOR”(Ezequiel 1:28). Daniel viu o “Ancião de Dias” no seu trono. Ele fala sobre o trono, a veste branca e até dos cabelos, mas não comenta nada sobre o rosto (Daniel 7:9). O apóstolo João fala com detalhes da aparência de Jesus, até mencionando os olhos e a boca. Mas quando fala do Pai, não inclui nenhuma observação sobre a aparência do rosto (Apocalipse 1:14-16; 4:2-3; 5:6).
 A Bíblia fala da comunhão íntima de alguns servos com o Criador. Essa expressão "falava face a face" fala da comunhão intima de Moisés com Deus. Percebemos isso em Êx. "Agora, pois, deixa-me, para que a minha ira se acenda contra eles, e eu os consuma; e eu farei de ti uma grande nação.
 Moisés, porém, suplicou ao Senhor seu Deus, e disse: Ó Senhor, por que se acende a tua ira contra o teu povo, que tiraste da terra do Egito com grande força e com forte mão?
 Por que hão de falar os egípcios, dizendo: Para mal os tirou, para matá-los nos montes, e para destruí-los da face da terra?. Torna-te da tua ardente ira, e arrepende-te deste mal contra o teu povo." Êxodo 32:10-12
 Nenhum outro profeta chegou a alcançar tanta intimidade, com Deus, como Moisés. Quando te disse que era uma questão de interpretação, em momento algum me referia a pluraridade de interpretação. Não há "N" maneiras de interpretar a Palavra de Deus, mas uma única. Há sim varias aplicações. A unica que tem autoridade de interpretá-la é Ela mesma, a Bíblia Sagrada. No meio academico segue-se o principio de que a Bíblia se autointerpreta. Não podemos isolar um versiculo e baseado nele criar uma doutrina. Precisamos conhecer o contexto (hitórico, cultural e literario). Não me recordo agora qual, mas há um versículo em um dos Salmos, por ex. que diz que não existe Deus. Se não examinarmos o seu contexto, criariamos a doutrina, baseada na "Bíblia", que Deus não existe. Se lermos o contexto desse Salmo veremos que quem diz que "não existe Deus" é o nécio. Um principio basico de interpretação é: primeiro identificar,
 Quem está falando,
 Com quem está falando,
 E, do que está falando.
 Seguindo essa regrinha, basica, não cairemos em erros. Esse assunto é bem amplo, mas vou me ater por aqui. Que Deus ilumine o teu intendimento Washington, e se crees em alguma doutrina baseada em apenas um versículo isolado, examine, faça como os moradores de Beréia (At. 17:11).
 Enviado pelo meu Windows Phone
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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO BIBLICO


Versículo chave

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. 2Tm 2.15

Pois como crerão naquEle de quem não ouviram falar? E como ouvirão se não há quem ensine / pregue? Rm. 10:14

Introdução

Nós, da congregação do bairro José Nitro, estamos muito felizes pois estamos construindo nossa igreja própria; isso realmente é maravilhoso. No ultimo Domingo, estávamos trabalhando na construção, em meio a tantos assuntos um jovem perguntou: "Por que não podemos adorar imagens?" 
Eu, em tom de brincadeira perguntei: "Tu não conheces os dez mandamentos?"
Melhor seria se eu não tivesse feito essa pergunta, a resposta veio mais forte que um tapa em meu rosto:
"Como eu vou saber se ninguém me ensina!"

A importância do ensino acerca das coisas de Deus fica evidente quando aprendemos na
bíblia que essa era uma das principais funções do Senhor Jesus em seu ministério
terreno. E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando... (Mt 4.23a) Este ministério não
era exclusividade dele, tem sido uma ordem aos seus seguidores. Portanto, ide ("indo", por onde andares), ensinai
todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou
convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém (Mt 28.20)! Essa ordem
foi prontamente obedecida pelos apóstolos e hoje não pode ser diferente. E todos os
dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar Jesus Cristo (At.
5.42). Era uma das maiores preocupação de Paulo para com os ministros que ele
formava. 1Tm cap. 4 ...manda estas coisas e ensina-as (v,11) ...persiste em ler, exortar e
ensinar (v,13) ...tem cuidado de ti mesmo e da doutrina... (v,16). E o que de mim, entre
muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também
ensinarem os outros (2Tm 2.2).
Deus não quer que sejamos meninos na fé
A falta de conhecimento bíblico, principalmente entre os que estão a mais tempo na fé, é
um desastre na ótica divina, quanto mais àqueles que estão envolvidos com a obra. O
plano de Deus é que o homem seja progressivamente aperfeiçoado, mas isso é
impossível sem o aprendizado da palavra de Deus. A esses negligentes, a Bíblia os
chama de meninos na fé. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais
de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de
Deus; e vos haveis feitos tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento.
Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da
justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em
razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal
(Hb 5.12-14).

A autoridade das Escrituras

A Bíblia é a maior autoridade da igreja, estando nela toda a revelação e vontade de
Deus, não pode de forma nenhuma ser omitida ou acrescentada. Nada acrescentareis à
palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do
SENHOR, vosso Deus, que vos mando (Dt. 4.2). Toda palavra de Deus é pura; escudo épara os que confiam nele. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te
repreenda, e sejas achado mentiroso (Pv 30. 5,6). Porque eu testifico a todo aquele que
ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa,
Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar
quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da arvore da vida e
da Cidade Santa, que estão escritas neste livro (Ap 22.18,19). 
Os crentes de Beréia foram considerados nobres, pois: ...de bom grado receberam a
palavra, examinado cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim... (At. 17.11);
por mais autoridade que os apóstolos tivessem, os bereanos entendiam que nenhum
ensino deve ser acatado por quem quer que seja sem antes passar pelo crivo da palavra
de Deus. Os crentes da igreja primitiva não inventavam, não tinham modismos nem
achologias, todos os seus argumentos sempre estavam fundamentados na palavra de
Deus, e isso não deve mudar nunca! Porque com grande veemência convencia
publicamente os judeus, mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo (At 18.28).
Aprender e ensinar, o papel da igreja
Deus se revela através das Sagradas Escrituras. Em todos os tempos esse foi o maior
recurso usado por Deus para instruir o seu povo. Não há se quer uma citação que nos
desencoraje a buscar tal conhecimento, pelo contrário, a falta dele nos traz muitos
danos. O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste
o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim;
visto que se esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos (Os
4.6). Vemos tais princípios quando o Senhor recomenda seu livro a Josué. Não se
aparte da tua boca o livro desta lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas
cuidado de fazer tudo quanto nele está escrito; porque, então, farás prosperar o teu
caminho e, então, prudentemente te conduzirás (Js 1.8).

O que disse Jesus acerca das Escrituras

Quando Jesus foi tentado pelo diabo no deserto, ele nos deixou um grande exemplo no
tocando ao uso e convicção das Sagradas Escrituras. ...está escrito...(Mt 4.4,7,10). Se
alguém julga ser de pouca importância a necessidade de aprendizado para conhecimento
da Bíblia, atente para esta exortação de Jesus: ...Errais, não conhecendo as Escrituras...
(Mt 22.29). 
Uma observação interessante: O maior capítulo da Bíblia é o salmo 119, ele tem 176
versículos e todos exaltam a palavra de Deus usando termos como: lei, testemunhos,
caminhos, mandamentos, estatutos, palavra, juízos, preceitos, promessas, etc...

Visão da Igreja

A Igreja deve reconhecer a autoridade da palavra de Deus, reconhecer a
necessidade do ensino e aprendizado da Bíblia e entender que ela é a base do nosso
trabalho eclesiástico; e recomendar o uso contínuo, a leitura e meditação da mesma. Os ministros devem se colocar a disposição para instruir todos os membros nas
Sagradas Escrituras, pois cremos que a Bíblia é a infalível palavra de Deus.

Aplicação pessoal

- Faça dos ensinos da Bíblia a sua filosofia de vida.
- Tenha a leitura da Bíblia uma necessidade tão grande quanto a necessidade de comida.
- Não aceite nenhuma proposta, ou argumento, ou ensino que seja contrário aos ensinos
da Bíblia, faça como os crentes de Beréia.
- Saiba que Deus não é do jeito que você imagina, mas do jeito que Ele se revela nas
Escrituras.
- Sempre compartilhe com seu próximo as verdades que você aprende, faça discípulos.

Questionário

 O que você acha que aconteceria caso Jesus só pregasse e curasse, mas não
ensinasse seus seguidores?
 Se alguém vier com a bíblia até você para questionar a tua fé, você está
preparado para se defender mencionando o que está escrito?
 O que você acha que os bereanos fariam caso o ensino dos apóstolos não
estivessem de acordo com as Escrituras?
Você está disposto (a) a abrir mão de alguma coisa para aprender mais acerca
das Escrituras ou isso não é importante pra você?

Outras referências

- Dt 17.19 E o terá consigo e nele lerás todos os dias da sua vida, para que aprenda a
temer ao SENHOR, seu Deus, para guardar todas as palavras desta lei e estes
estatutos, para fazê-los.
Is 8.20 À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a
alva.
- Is 34.16 Buscai no livro do SENHOR e lede; nenhuma dessas coisas falhará, nem uma
nem outra faltará, porque a sua própria boca o ordenou, e o seu Espírito mesmo as
ajuntará.
- Rm 15.4 Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que,
pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança.- 1Tm 3.2 Convém, pois que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher,
vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar (não para dizer: "Vá e aprenda, busque"). 
Pois como crerão naquEle de quem não ouviram falar? E como ouvirão se não há quem ensine / pregue?


domingo, 4 de agosto de 2013

Avaliando com a Bíblia a visita e pronunciamentos do Papa Francisco


Visita do Papa ao Brasil, no final de julho de 2013.

LeituraMateus 9.35-38
E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades.Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustascomo ovelhas que não têm pastor. E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.

Introdução:
Certamente temos visto multidões, idosos e jovens, enfrentando a chuva, a lama, o frio, a ausência de transporte, a insegurança das cidades, para ver o Papa em sua visita ao Brasil, que começou na segunda-feira, 22.07.2013, e se estende até o último domingo do mês. A mídia tem divulgado a visita com tanta intensidade, que se você estava neste planeta, nestas últimas semanas, não pode ter ignorado a presença do Papa no Brasil. Por exemplo, a revista semanal de maior circulação e repercussão (VEJA) trouxe reportagens de capa sobre o acontecimento em duas semanas seguidas. Como avaliar a pessoa do Papa, a sua visita e os seus pronunciamentos? Como entender as expressões de fé e devoção encontradas nos olhares das multidões? O texto de Mateus 9.35-38 fala de multidões às quais não faltava religiosidade! Ao lado da curiosidade, havia devoção, ensino dogmático, religião, mas eram ovelhas "que não tinham pastor"! A sinceridade, mesmo presente, não era passaporte para a verdade! E o pastor de que se fala no texto, é um só - Cristo Jesus, fora do qual não há salvação. Quem é o Papa atual?

O cardeal argentino, Jorge Mario Bergoglio foi escolhido Papa (e assumiu o nome de Francisco) em um dia considerado por muitos “cabalístico” (13.03.13). Havia uma expectativa em muitas pessoas e na mídia de que o novo líder da Igreja Católica fosse um Papa “progressista”. Estes se espantaram com a sua posição em relação à união de gays; à questão do homossexualismo, que hoje em dia é propagada como “apenas” uma opção sexual; e sobre o aborto. Ele é contra, ponto final! Alguns católicos se espantaram porque ele não colocou, de início, o envolvimento social como prioridade máxima da Igreja. Em vez disso, contrariou a mensagem que tem soado renitentemente ao longo das quatro últimas décadas, especialmente em terras brasileiras, proclamada pelos politizados “teólogos da libertação”, ou da natimorta “teologia pública”. Ele aparentou priorizar as questões espirituais!

Desde o início do seu “Papado” certas declarações chamaram a atenção, também, dos evangélicos. Por exemplo, ele disse que a missão da Igreja é difundir a mensagem de Jesus Cristo pelo mundo. Na realidade, ele foi mais enfático ainda e afirmou que se esse não for o foco principal, a Instituição da Igreja Católica Romana tende a se transformar em uma “ONG beneficente”, mas sem relevância maior à saúde espiritual das pessoas! Depois, o viés mudou um pouco, especialmente nesta visita ao Brasil. A ênfase passou para uma postura de vida ascética e humilde, demonstrando uma frugalidade que, em uma era de opulência, corrupção, apropriação de valores alheios e desprezo pelos valores reais da vida, também soa saudável e pertinente!

Ei! Disseram alguns evangélicos – essa é a nossa mensagem!!

Bom, não seria a primeira vez na história que um prelado católico reconhece que a Igreja tem estado equivocada em seus caminhos e mensagem. Já houve um monge agostiniano que, estudando a Bíblia, verificou que tinha que retornar às bases das Escrituras e reavivar a missão da igreja na proclamação do evangelho, libertando-a de penduricalhos humanos absorvidos através de séculos de tradição. Estes possuíam apenas características místicas, mas nenhuma contribuição espiritual e de vida que fosse real às pessoas. Assim foi disparado o movimento que ficou conhecido na história como a Reforma do Século 16, com as mensagens, escritos e ações de Martinho Lutero, em 1517. Lutero foi seguido por muitos outros reformadores, que se apegaram à Bíblia como regra de fé e prática.

Será que estamos testemunhando uma “segunda reforma” dentro da Igreja Católica? Se algumas dessas declarações do Papa Francisco forem levadas a sério, por ele próprio e por seus seguidores, vai ser uma revolução. Mas é importante lembrar, entretanto, que proclamar a mensagem de Jesus Cristo é algo bem abrangente e sério. Existem implicações definidas e explícitas nessa frase. E a questão que não quer calar é: será que a Igreja Católica está disposta a se definir com coragem em pelo menos nessas cinco áreas cruciais? Examinemos uma a uma.

1. AS ESCRITURAS: Rejeitar apêndices aos livros inspirados das Escrituras. Ou seja, assumir lealdade apenas às Escrituras Sagradas, rejeitando os chamados livros apócrifos.Proclamar as palavras de Jesus, nesta área, é aceitar tão somente o que ele aceitou. Em Lucas 24.44, Jesus referiu-se às Escrituras disponíveis antes dos livros do Novo Testamento, como “A Lei de Moisés, Os Profetas e Os Salmos” – essa era exatamente a forma da época de se referir às Escrituras que formam o Antigo Testamento, em três divisões específicas (Pentateuco, livros históricos e proféticos e livros poéticos) compreendendo, no total, 39 livros. Representam os livros inspirados aceitos até hoje pelo cristianismo histórico, abraçado pelos evangélicos, bem como pelos Judeus de então e da atualidade. Ou seja, nenhuma menção ou aceitação dos livros apócrifos, não inspirados, que foram inseridos 400 anos depois de Cristo, quando Jerônimo editou a tradução em Latim da Bíblia – a Vulgata Latina[1]. Evangélicos e católicos concordam quanto aos 27 livros do Novo Testamento, mas essas adições à Palavra são responsáveis pela introdução de diversas doutrinas estranhas, que nunca foram ensinadas ou abraçadas por Jesus e pelos apóstolos. Além disso, na Igreja Católica, a própria TRADIÇÃO tem força normativa igual à Bíblia. Proclamar a palavra de Jesus ao mundo começa com a aceitação das Escrituras do Antigo e Novo Testamento, e elas somente, como fonte de conhecimento religioso e regra de fé e prática. Se não nos atemos a conhecer as Escrituras verdadeiras, caímos em erro, como alerta Jesus a alguns religiosos do seu tempo, que apesar de citarem as Escrituras, se apegavam mais às tradições do que à Palavra de Deus: “Não provém o vosso erro de não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus?” (Marcos 12.24). O livro doApocalipse, no final da Bíblia, traz palavras duras tanto para subtrações como para ADIÇÕES às Escrituras: (22.18)   “Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; (22.19)   e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro”.

2. A MEDIAÇÃO COM DEUS: Rejeitar a mediação de qualquer outro (ou outra) entre Deus e as Pessoas, que não seja o próprio Cristo. Não acatar a mediação de Maria, e muito menos a designação dela como co-redentora, lembrando que o ensino da palavra é o de que “há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Timóteo 2.5). Na realidade, a Igreja precisa obedecer até à própria Maria, que ensinou: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (João 2.5); e Ele nos diz: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao pai, senão por mim” (João 14.6). Foi um momento revelador da dificuldade que o Papa tem na aderência a essa mensagem da Bíblia, observar sua homilia pública (angelus) de 17.03.2013. Após falar várias coisas importantes e bíblicas sobre perdão e misericórdia divina, finalizou dizendo: “procuremos a intercessão de Maria”... Ouvimos as próprias palavras do Papa: “No dia seguinte à minha eleição como Bispo de Roma fui visitar a Basílica de Santa Maria Maior, para confiar a Nossa Senhora o meu ministério de Sucessor de Pedro”.[2] Em Aparecida, nesta visita ao Brasil, ele também disse: “Hoje, eu quis vir aqui para suplicar à Maria, nossa Mãe, o bom êxito da Jornada Mundial da Juventude e colocar aos seus pés a vida do povo latino-americano”. “Que Deus os abençoe e Nossa Senhora Aparecida cuide de você”. Não é assim que irá proclamar a palavra de Jesus ao mundo, pois precisa apresentá-lo como único e exclusivo mediador; nosso advogado; aquele que pleiteia e defende a nossa causa perante o tribunal divino. Para o Papa, “a Igreja sai em missão sempre na esteira de Maria, mas o Povo de Deus sabe, que a igreja verdadeira segue a vontade de Deus, expressa em Sua Palavra.

3. O CULTO ÀS IMAGENS: Rejeitar as imagens e o panteão de santos composto por vários personagens que também são alvo de adoração e devoção devidas somente a Cristo. Essa característica da Igreja Católica está relacionada com a utilização de imagens de escultura, como objeto de adoração e veneração; e também precisaria ser rejeitada.[3] Ela contraria o segundo mandamento e desvia os olhos dos fiéis daquele que é o “autor e consumador da fé - Jesus” (Hebreus 12.2). Proclamar a palavra de Jesus ao mundosignifica abandonar a prática espúria e humana da canonização de mortais comuns, pecadores como eu e você, em complexos, mas inúteis processos eclesiásticos, que não têm o poder de aferir ou atribuir poderes especiais a esses santos. Proclamar a mensagem de Jesus, seria abandonar a adoração e devoção à “Nossa Senhora Aparecida” e a tantas outras “Nossas Senhoras” e ídolos que integram a religião Católico-Romana. Vejam o que nos diz a Bíblia:
Salmo:
115.3   No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada.
115.4   Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens.
115.5   Têm boca e não falam; têm olhos e não vêem;
115.6   têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram.
115.7   Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta.
115.8   Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles confiam.
115.9   Israel confia no SENHOR; ele é o seu amparo e o seu escudo.
Habacuque
2.18   Que aproveita o ídolo, visto que o seu artífice o esculpiu? E a imagem de fundição, mestra de mentiras, para que o artífice confie na obra, fazendo ídolos mudos?
Jeremias
10.3   Porque os costumes dos povos são vaidade; pois cortam do bosque um madeiro, obra das mãos do artífice, com machado;
10.4   com prata e ouro o enfeitam, com pregos e martelos o fixam, para que não oscile.
10.5   Os ídolos são como um espantalho em pepinal e não podem falar;necessitam de quem os leve, porquanto não podem andar. Não tenhais receio deles, pois não podem fazer mal, e não está neles o fazer o bem.

4. O DESTINO DAS PESSOAS: Rejeitar o ensino de que existe um estado pós-morte que proporciona uma “segunda chance” às pessoas. A doutrina do purgatório não tem base bíblica e surgiu exatamente dos livros conhecidos como apócrifos (em 2 Macabeus 12.45), sendo formalizada apenas nos Concílios de Lyon e Florença, em 1439. Mas Jesus e a Bíblia ensinam que existem apenas dois destinos que esperam as pessoas, após a morte: Estar na glória com o Criador – salvos pela graça infinita de Deus (Lucas 23.43 – “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” – e Atos 15.11 -  fomos salvos pela graça do Senhor Jesus”), ou na morte eterna (Mateus 23.33 – Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?”), como consequência dos nossos próprios pecados. Proclamar a palavra de Jesus ao mundo é alertar as pessoas sobre a inevitabilidade da morte eterna, pregando o evangelho do arrependimento e a boa nova da salvação através de Cristo, sem iludir os fiéis com falsos destinos.

5. AS REZAS: Rejeitar os “mantras” religiosos, que são proferidos como se tivessem validade intrínseca, como fortalecimento progressivo pela repetibilidade. É o próprio Jesus que nos ensinou, em  Mateus 6.7: “... orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos”. É simplesmente incrível como a ficha não tem caído na Igreja Católica, ao longo dos séculos e, mesmo com uma declaração tão clara contra as repetições, da parte de Cristo, as rezas, rosários, novenas, sinais da cruz etc. são promovidos e apresentados como sinais de espiritualidade ou motivadores de ação divina àqueles que os repetem. Proclamar a palavra de Jesus ao mundo é dirigir-se ao Pai como ele ensina, em nome do próprio Jesus, no poder do Espírito Santo, abrindo o nosso coração perante o trono de graça (Filipenses 4.6: Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças”).

Conclusão:
Assim, enquanto acompanhamos a visita, é verdade que podemos admirar a coragem deste homem, Jorge Bergoglio, que tem se pronunciado claramente contra alguns pecados aberrantes que estão destruindo a família e a sociedade. No entanto, muito falta para que a Palavra de Deus e os ensinamentos de Jesus façam parte real de sua mensagem e de uma igreja transformada pelo poder do Espírito Santo – como vimos em cada uma dessas áreas mencionadas (e em outras, também).

Em toda essa situação, podemos aprender algumas coisas: (1) Pedir a Deus que dê forças às nossas lideranças evangélicas, e a nós mesmos, para termos intrepidez no interpelar de governantes e da mídia, quando promovem leis e comportamentos que contradizem totalmente os princípios que Deus delineia em Sua Palavra. Estes princípios sempre são os melhores para o bem da humanidade, na qual o povo de Deus (incluindo nossos filhos e netos) está inserido. (2) Exercitar cautela em nossa apreciação e entusiasmo das ações e palavras do Papa – a idolatria e diminuição da intermediação de Cristo continuam bem presentes em sua visão religiosa e na Igreja que o tem como líder. Envolvimentos de evangélicos nessas celebrações são totalmente desprovidas de base bíblica - representam um descaso por essas profundas diferenças doutrinárias que representam a diferença entre a vida e a morte espiritual das pessoas. (3) Clamar a Deus por misericórdia e salvação real para o nosso povo e para a nossa terra. Como é triste em ver tantos olhos e esperanças fixados em santos, mitos, misticismo e na pessoa humana, em vez de no Deus único soberano. O Deus da Bíblia é a esperança de nossas vidas. É ele que nos alcança e nos fala em Cristo Jesus, pelo poder do Espírito Santo. Esse nosso Deus é real e eterno e não temporal como o Papa.

Solano Portela




[1] A Vulgata Latina (382 – 402 d.C.), tradução para o latim, da Bíblia, contém 73 livros (e não 66) além de adições de capítulos em alguns livros do Antigo Testamento, que não constam dos textos hebraicos, nem da Septuaginta (tradução para o Grego, do Antigo Testamento, realizada em torno de 280 a.C.). Estes livros adicionais são chamados delivros apócrifos (duvidosos, fabulosos, falsos). O próprio Jerônimo colocou notas de advertências, quanto à canonicidade e validade dessas adições, mas essa cautela foi suprimida nos séculos à frente. Sua aceitação como escritura canônica, no seio da Igreja Católica, foi formalizada pelo Concílio de Trento, em 1546 d.C. Desapareceu, assim, a compreensão de que aqueles livros estavam ali colocados por “seu valor histórico” ou devocional. É possível que se Jerônimo soubesse, que na posteridade seriam considerados parte integral da Bíblia, provavelmente não os teria incluído em seu trabalho. 

[2] Todas essas citações foram extraídas da Homilia no Santuário da Aparecida, proferida em 24.07.2013. http://www.news.va/pt/news/santuario-da-aparecida-homilia-do-Papa-24-julho-20 , acessado em 26.07.2013.
[3] Na mesma homilia já referida, o Papa disse: “A história deste Santuário serve de exemplo: três pescadores, depois de um dia sem conseguir apanhar peixes, nas águas do Rio Parnaíba, encontram algo inesperado: uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Quem poderia imaginar que o lugar de uma pesca infrutífera, tornar-se-ia o lugar onde todos os brasileiros podem se sentir filhos de uma mesma Mãe”?

domingo, 30 de junho de 2013

As Tunicas de José


Gênesis 37:2-4 Esta é a história de Jacó. Tendo José dezessete anos, apascentava os rebanhos com seus irmãos; sendo ainda jovem, acompanhava os filhos de Bila e os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e trazia más notícias deles a seu pai. Ora, Israel amava mais a José que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica talar de mangas compridas (túnica de várias cores SEPTUAGINTA – Em acádico, uma lingua semítica, diz: uma túnica “ornamentada”). Vendo, pois, seus irmãos que o pai o amava mais que a todos os outros filhos, odiaram-no e já não lhe podiam falar pacificamente.

A PRIMEIRA VESTE = TÚNICA TALAR – Mangas compridas, apenas os sacerdotes usavam. Várias cores ou “ornamentada”, apenas a realeza utilizava.
- Era um presente do pai, pelo simbolismo de seu amor. O pai (Jacó), queria que José (filho da mulher a quem amava) fosse nobre, próspero, rico e também fosse um sacerdote ou profeta. As túnicas eram o principal vestuário, utilizado por baixo da capa. Normalmente eram de mangas curtas e de cores opacas, como o cinza e o beje. A túnica de José sobresaía-se às demais, de seus irmãos, e anunciava – proféticamente – o que ele haveria de ser no futuro: PRÓSPERO E PROFETA (interpretador de sonhos).
DEUS NOS DÁ A PRIMEIRA VESTE = A PROMESSA!
Ele nos promete que seremos abençoados se sairmos de nossa parentela, e formos para a terra que Ele nos mostrará. Se formos fiéis à Ele na Palavra, nos dízimos e ofertas, no procedimento. Nos transformará em sacerdotes, profetas e reis!

Porém os próprios irmãos tentam nos tirar a primeira veste, a promessa. NOS DESANIMAM, impedem o progresso, mentem.

Gênesis 37:23 Mas, logo que chegou José a seus irmãos, despiram-no da túnica, a túnica talar de mangas compridas que trazia.


A SEGUNDA VESTE = ROUPA DOS MIDIANITAS – Midiã significa “Contenta”, no hebraico.
- José foi lançado nú na cisterna, por seus irmãos. Havia-se despido a túnica e agora ele precisava ser vestido novamente. Quando foi negociado e vendido por seus irmãos, os midianitas lhe deram uma roupa = a contenda.
José tinha tudo para ser uma pessoa amargurada, rancorosa, briguenta, revoltada, mas mesmo estando com tudo isso sobre si, mesmo estando vestido de “contenda”, não fez uso dela. Calou-se, pois sabia que Jeová estava no controle de sua vida.
“Se Jeová está no controle da sua vida, cale-se! E espere o livramento que o Senhor lhe dará”.

A TERCEIRA VESTE = A ROUPA EGIPCIA - Chegando no Egito, os midianitas venderam José ao capitão da guarda de Faraó, chamado Potifar. Lá, trocaram-lhe as vestes e lhe colocaram vestes egípcias.
- Potifar mandou que o vestissem como um escravo egípcio, porém Deus prosperou a José e também a Potifar por amor a José. Potifar o colocou por principal em sua casa, pois Deus o estava prosperando. Era a promessa de Deus se cumprindo na vida dele.

Mas novamente o diabo tenta tirar a veste de José. Por ver que ele era próspero e honrado, enviou a mulher de Potifar para lhe tirar as vestes.

Gênesis 39:7-12 Aconteceu, depois destas coisas, que a mulher de seu senhor pôs os olhos em José e lhe disse: Deita-te comigo. Ele, porém, recusou e disse à mulher do seu senhor: Tem-me por mordomo o meu senhor e não sabe do que há em casa, pois tudo o que tem me passou ele às minhas mãos. Ele não é maior do que eu nesta casa e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porque és sua mulher; como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus? Falando ela a José todos os dias, e não lhe dando ele ouvidos, para se deitar com ela e estar com ela, sucedeu que, certo dia, veio ele a casa, para atender aos negócios; e ninguém dos de casa se achava presente. Então, ela o pegou pelas vestes e lhe disse: Deita-te comigo; ele, porém, deixando as vestes nas mãos dela, saiu, fugindo para fora.

A QUARTA VESTE = A ROUPA DA PRISÃO – Novamente José foi lançado nú em uma prisão e lá teve que ser vestido.
- Sua roupa agora era novamente a da contenda e da humilhação, mas José não fez uso delas. Esperou em Deus e confiou na sua salvação. Deus era com ele ali também e o abençoou, prosperando-o.
“Não importa onde você está, se é fiel a Deus, mesmo na prisão, Deus te abençoará”.
OS SONHOS DO COPEIRO E DO PADEIRO
José interpretou os sonhos deles, dizendo que o copeiro seria restituído ao seu cargo, mas que o padeiro morreria enforcado, e assim aconteceu. Ele pediu ao copeiro que falasse dele à Faraó, para que saísse da prisão, mas o copeiro se esqueceu e José ficou ali mais dois anos.
- Ele tinha todos os motivos para ser uma pessoa traumatizada, revoltada e rebelde, e tinha todos os motivos para se desviar dos caminhos do Senhor, alegando que Deus o havia abandonado, mas não o fez. José CONHECIA O DEUS de seus pais e confiava Nele!
“Se você conhece a Jeová, então confie nele!”
O SONHO DE FARAÓ
Aconteceu que faraó teve dois sonhos em uma mesma noite, e os dois sonhos falavam a mesma coisa: sete vacas gordas, depois sete vacas magras que devoravam as gordas. Sete espigas graúdas e depois sete espigas de milho mirradas que devoravam as graúdas. O coopeiro se lembrou de José e falou à faraó.

Gênesis 41:14 Então, Faraó mandou chamar a José, e o fizeram sair à pressa da masmorra; ele se barbeou, mudou de roupa e foi apresentar-se a Faraó.

A QUINTA VESTE = HOMEM LIVRE – José não foi com a mesma roupa que usava na masmorra. Colocou uma roupa de homem livre, para apresentar-se ao rei.
- José poderia ir ao rei com uma atitude derrotista, vestindo os farrapos de um prisioneiro, para causar a pena de Faraó, mas não. Ele não demonstrou a sua situação, afinal professava a fé em um Deus Vitorioso, não andaria derrotado. Se barbeou, colocou a sua melhor roupa e foi se apresentar a Faraó com honra, como um filho de Deus deve ser!
Ao interpretar os sonhos do Faraó, aconselhou-o que colocasse alguém inteligente e sábio para governar as terras do Egito, e todos seriam livres da fome.
Sua atitude vitoriosa trouxe a seguinte expressão de Faraó:
Gênesis 41:38 Disse Faraó aos seus oficiais: Acharíamos, porventura, homem como este, em quem há o Espírito de Deus?

Faraó honrou José por sua integridade e atitude, fazendo-o o governador do Egito.

A SEXTA VESTE = LINHO FINO – Após treze anos de lutas, o sonho profético de José se cumpriria, porque ele acreditou na promessa do Senhor para a sua vida.

Gênesis 41:42 Então, tirou Faraó o seu anel de sinete da mão e o pôs na mão de José, fê-lo vestir roupas de linho fino e lhe pôs ao pescoço um colar de ouro.

- José foi vestido com linho fino, com vestes de realeza, igual a túnica de mangas compridas e várias cores, que seu pai Jacó havia lhe dado. Deus tinha cumprido ali a Sua Palavra e sido fiel a ele, que mesmo com todas as situações contrárias à ele, permaneceu fiel ao Senhor.

A SÉTIMA VESTE = ABENÇOAR OS QUE TE AMALDIÇOARAM – Ele não se vingou de seus irmãos, pelo contrário, os abençoou.

Gênesis 45:22 A cada um de todos eles deu vestes festivais, mas a Benjamim deu trezentas moedas de prata e cinco vestes festivais.

A todos os irmãos, José honrou-os com vestes festivais, porém ao irmão mais novo Benjamim, filho de sua mãe Raquel, deu-lhe trezentas moedas de prata, quinze vezes mais que seus irmãos receberam por vendê-lo aos midianitas e ismaelitas (que eram uma meia tribo), e cinco vestes festivais.
- Isto tem uma comparação tipológica. José aqui representa Jesus, que mesmo nós tendo o traido, o negado, mentido e o abandonado, ele volta até nós e nos abençoa. Mas abençoa mais aqueles que não fazem isso (Benjamim).

O ELEMENTO SURPRESA DA AÇÃO DE DEUS
Se José não tivesse encontrado seus irmãos na terra de Dotã, nada disso teria acontecido. Deus tem aqui um elemento surpresa:
Gênesis 37:15 E achou-o um varão, porque ele andava errado pelo campo, e perguntou-lhe o varão, dizendo: Que procuras?
Quando Deus tem um plano em sua vida, por maiores que as lutas venham a ser no futuro, Ele faz que aconteça o seu plano.
Se José não os tivesse encontrado naquele dia, certamente nunca seria vendido como escravo, nunca seria comprado por Potifar, nunca seria preso e nunca interpretaria os sonhos na prisão, que o fizeram ir até Faraó. Também nunca interpretaria o sonho do Faraó e nunca seria colocado por governador do Egito. A fome viria, Israel pereceria e, possívelmente, desapareceria do mapa.
Deus colocou um anjo, “um varão” que achou José perdido no campo, para colocá-lo no caminho certo

segunda-feira, 3 de junho de 2013

“As pessoas que nunca ouviram falar de Jesus estão perdidas?”


Conta-se a história de um menino, bom, na verdade, não sei se se trata de uma “história”, ou de uma “estória”, o fato é que antes mesmo de estar no ventre de sua mãe, que era uma sacerdotisa, de alto grau, na magia negra, essa criança já havia sido oferecida ao diabo. A sua mãe planejara a gravidez única e exclusivamente par que a criança fosse sacrificada. Depois que o menino nasceu ele foi levado, recém-nascido, para uma ilha deserta onde foi criado longe de todo contato com o mundo. Tinha contato apenas com seu tutor. Ele cresceu, e um de seus hábitos era subir ao cume do monte mais alto daquela ilha. Cresceu sabendo que um dia seria sacrificado, foi educado para esse fim. Até que chegou o dia, o sacerdote lhe disse que o dia era chegado. Antão ele disse ao sacerdote que o deixasse despedir-se antes de seu amigo. O homem perguntou: “Que amigo? Você não tem amigo.” O menino insistiu, até que o sacerdote o permitiu, pensando que ele estivesse louco. Ao entardecer o menino subiu naquele monte, que sempre costumava subir. Ao chegar ao lugar de costume lá estava o seu amigo, lindo, radiante. Então, o menino olha para o seu amigo que estava a se pôr e disse ao SOL: “Vai meu amigo e diga para o teu Criador que eu O adoro.”
- Por mais que aquela criança tenha sido criada para conhecer e adorar somente o diabo, a natureza declarou que existe um Deus Criador, Todo-Poderoso. E essa história, só me confirma a veracidade do que Flávio Josefo fala a respeito de Abrão: “... havia entre os caldeus, um homem muito justo e muito hábil na ciência dos astros. Foi ele o primeiro que ousou dizer que existe um só Deus; que o universo é obra das Suas mãos e que é unicamente à Sua bondade e não às nossas próprias forças que devemos a nossa felicidade. O que o levava a falar dessa maneira, era, depois de ter atentamente considerado o que se passa sobre a terra e sobre o mar, o curso do sol, da lua e das estrelas, que ele tinha facilmente deduzido que há um Poder superior que regula seus movimentos, e sem o qual todas as coisas cairiam na confusão e na desordem;... Os caldeus e os outros povos da Mesopotâmia não podendo tolerar essas palavra de Abrão, levantaram-se contra ele. Assim, por ordem de Deus e com o Seu auxilio, ele saiu do país para ir morar na terra de Canaã;... (História dos Hebreus cap. 7).”
Então, assim como a criança, Abrão também foi evangelizado pela natureza.
Sim porque não havia quem pregasse o Deus verdadeiro na Mesopotâmia, nos dia de Abrão.
O pastor Josué Orion, há alguns anos atrás, pregando no Gideões (GMUH), contou um fato que aconteceu com uma jovem na Argentina. Aquela jovem tinha um chamado para fazer a obra do Senhor. O Senhor usava os Seus servos para falar com ela, mas ela dizia que era muito nova. Passaram-se os anos, ela se casou, e o Senhor continuava a chama-la, mas ela disse que iria criar os filhos primeiro e então se entregaria para a obra do Senhor. Os anos passaram, os filhos cresceram e tiveram filhos, agora ela disse ao Senhor que iria ajudar a criar os netos e ai sim ela se entregaria ao chamado do Senhor. Um certo dia um servo do Senhor, que andava pela rua naquela cidade, ouviu a voz do Senhor falar com ele. O Senhor lhe dizia que atravessasse a rua e tocasse a campainha na casa que o Senhor lhe mostraria, e à pessoa que abrisse a porta ele deveria entregar a mensagem do Senhor. Ele obedeceu, tocou a campainha e aquela mulher que o Senhor a havia chamado, quando ainda era jovem, agora estava idosa, sem força para fazer a obra do Senhor. Quando ela atendeu a porta o homem de Deus abriu a boca como porta voz de Deus: “Chamei-te quando tu ainda eras jovem desimpedida, Me dissestes que eras muito nova. Tornei a chamar-te anos mais tarde, já estavas casada e tinhas filhos, dissestes que primeiro irias cria-los. Tornei a chamar-te, eras avó, falastes-me que primeiro ias ajudar a criar os teus netos e só depois te entregarias a minha obra. Hoje, por tua causa, milhares de almas estão descendo ao inferno.” No outro dia aquela senhora morreu.
Veja o que a Palavra de Deus diz em Ezequiel 33:8,9 “Quando Eu disser ao ímpio que é certo que ele morrerá, e você não falar para dissuadi-lo de seus caminhos, aquele ímpio morrerá por suas próprias iniquidades, mas Eu considerarei você responsável pela morte dele. Entretanto, se você de fato advertir o ímpio para que se desvie dos seus caminhos e ele não se desviar, ele morrerá por sua iniquidade, mas você estará livre da sua responsabilidade.” Se essa mulher tivesse sido uma atalaia fiél, essas milhares de almas não teriam descido ao inferno, e as suas mãos não estariam sujas do sangue delas.
Então, pessoas morrem sem conhecer a Jesus?
Sim. Alguém pode dizer: “É impossível nos dia de hoje alguém não ter ouvido falar de Jesus.” É bem possível que o mundo já tenha ouvido falar de Jesus. A pergunta certa seria, o que o mundo tem ouvido a respeito de Jesus. Será que tem ouvido falar de Jesus, como ouve falar de Gande, Confúcio, Maomé, Allan Kardec, etc.? Que Ele é um espírito aperfeiçoado? Um profeta? Um grande homem? Que ele é um homem que foi pregado na cruz? Acredito sim, que o mundo todo, ou boa parte dele, já ouviu falar de um homem, que há mais de dois mil anos viveu nesta terra, andou curando e pregando; conhecem a história de Jesus, mas não conhecem o Jesus da história. Essas pessoas vão morrer sem conhecer a verdade, sim, mas se você não fizer a sua parte na evangelização Deus vai requerer de ti o sangue delas. Ah, mas dessa forma eles vão chegar diante de Deus e dizer que não é justo, porque eles não tiveram a oportunidade de conhecê-Lo.
Não poderão alegar isso porque em Sl. 19:1-4 diz que, os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das Suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo.
Por isso eles são indesculpáveis. Portanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça. Pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.
Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; (Rm. 1:18-20).
Davi era um homem acostumado a viver ao ar livre o que o permitia observar diariamente o nascer e o pôr do sol.
Um universo tão complexo requer um Criador capaz de fazer qualquer coisa, que sabe todas as coisas e que pode estar presente em toda a parte. Mais do que isso, porém, Davi sabia que Deus estava falando com todos os habitantes da terra por intermédio da Sua criação. A criação é um “livro sem palavras” que todos podem ler, pois não precisa de tradução. Cada dia e cada noite, Deus nos fala por meio da criação. Seu discurso é “derramado” silenciosa, abundante e universalmente. Porém, apesar dessa mensagem universal derramada dia e noite sobre todo o mundo, a maioria das pessoas ignora e rejeita Deus, pois deseja viver como bem entende (Rm. 1:18-23).
Phillips Brooks transmitiu a Helen Keller, cega e surda, os primeiros ensinamentos bíblicos, e ela respondeu que sempre soubera que havia um Deus, mas não sabia qual era o Seu nome. Nossa incumbência é dizer ao mundo que o Seu nome é Jesus (At. 4:12).
  • Pessoas morrem sem a oportunidade de conhecer a Jesus? Sim, por displicência da IGREJA.
  • Pessoas morrem sem a oportunidade de conhecer a Deus? Não, graças à auto revelação que Deus faz de Si próprio, através da criação (Sl.19:1,2; Rm. 1:18-23).

W. W. Wiersbe escreve: “A pergunta levantada com tanta frequência: “As pessoas que nunca ouviram falar de Jesus estão perdidas?” pode ser respondida com uma afirmação e outra pergunta:
(1) Sim, pois Deus lhes fala o dia todo e eles se recusam a ouvir;

(2) O que você está fazendo para transmitir o evangelho a essa pessoas?”

quinta-feira, 28 de março de 2013

Será que somos aniquilados após a morte?


Em 2Co. 5: 5-8  o apóstolo fala de um “emigrar do corpo” e “imigrar ao Senhor”. No entanto, seria essa talvez uma afirmação isolada, à qual não devemos dar importância excessiva? Como é o testemunho de todo o NT? Será que outras passagens essenciais corroboram o que Paulo afirma positivamente no presente texto acerca de nossa morte? 
1. Com certeza Paulo não era “platônico”. Porém a noção de uma “alma” ligada ao corpo apenas por pouco tempo não constitui somente “filosofia platônica”. Ela é uma noção da humanidade. De 2Co 12.2-4 depreendemos a naturalidade com que o apóstolo conta com a possibilidade de, com sua pessoa e sua experiência, ter estado “fora do corpo”. Não é bíblica uma disseminada exacerbação da ligação de corpo e alma em uma unidade total. 
O texto paralelo mais próximo da presente passagem encontra-se em Fp 1.21-23. O fato de Paulo não estar pensando em um “estar com Cristo” após a parusia, mas em uma imediata chegada até Jesus, resulta da circunstância de que ele designa o morrer como um “lucro”. Ele jamais poderia afirmar isso se a morte o aniquilasse completamente. Então teria uma perda total que seria compensada somente na parusia, por intermédio de uma criação totalmente nova. Muito substancial é Rm 14.7-9. Existe um “morrer para o Senhor” do mesmo modo como existe um “viver para o Senhor”. Um “morrer para o Senhor” dificilmente pode ser a catástrofe de um aniquilamento total ou da imersão em uma existência inconsciente nas sombras. Por isso o apóstolo também nos mostra imediatamente que, em virtude de sua morte e ressurreição, Jesus é o “Senhor sobre os vivos e os mortos”. Os “mortos”, portanto, precisam estar tão “vivos” que Jesus possa exercer seu “senhorio” sobre eles. Paulo nos assegura que “somos do Senhor”, quer vivamos na terra, quer morramos fisicamente. 
O texto de 1Co 12 nos assevera que como crentes nos tornamos “membros do corpo do Cristo”. Seria imaginável que constantemente membros do Senhor são arrancados pela morte física? Em Rm 8 o apóstolo enalteceu com profundo júbilo que nada nos pode separar do amor de Deus em Cristo Jesus. Na ocasião citou expressamente a “morte” como um poder que também não é capaz disso. Na presente carta Paulo informará, em 2Co 12.4, como foi arrebatado ao paraíso. Para o israelita Paulo, o paraíso era o lugar de permanência dos justos que adormeceram. Ainda que anteriormente tenha sido para ele apenas uma doutrina teórica, agora se tornou plena realidade para ele. Esse paraíso não era um local para dormir, mas um espaço cheio de palavras santas e poderosas. 
2. Mas será que tudo isso é apenas “paulino”? Será que o próprio Jesus considera doutrina correta uma teologia que ensina a morte da pessoa toda com o corpo, a alma e o espírito? 
O contrário é a verdade. Jesus se posicionou fundamentalmente diante dessa questão em seu diálogo com os saduceus sobre a “ressurreição” (Mt 22.23-33; Lc 20.27-40). É digno de nota que Jesus não fale de uma ressurreição vindoura por ocasião da irrupção do reino de Deus, mas demonstra a partir de Êx 3.6 os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó como vivendo perante Deus já agora. Na oportunidade ele formula o princípio de que Deus não é um Deus de mortos, mas de vivos. Logo a imediata “vida após a morte” não se encontra, para Jesus, em contradição com a “ressurreição”, mas a confirma. 
Esse texto representa um paralelo perfeito com o diálogo de Jesus com Marta em Jo 11.23-26. Marta “sabe” acerca da “ressurreição no último dia”. Jesus, porém, lhe atesta uma “vida” que o crente em Cristo possui desde já e preserva ao atravessar a morte física. A partir desse texto cabe considerar todas as referências em que a posse da “vida eterna” é atribuída ao crente desde já. Será que a “vida eterna” pode tornar a “morrer”, se e porque o corpo terreno se decompõe? Será que de fato devemos crer que aquele que “passou da morte para a vida” (Jo 5.24) agora, ao morrer fisicamente, recai “da vida para a morte”? À certeza de Rm 8 corresponde, nas palavras de Jesus, a asseveração sobre os seus: “Ninguém arrebatará as minhas ovelhas da minha mão” (Jo 10.28). “Ninguém” – ou seja, nem mesmo a morte. Mas tampouco o relato de Jesus sobre Lázaro e o homem rico deve ser descartado por nós como “parábola”, mas devemos levá-lo a sério como a palavra daquele que sabe todas as coisas, inclusive a situação dos que passaram pela morte física. 
Não deixa de ser essencial que nos casos de reavivamentos de mortos de que somos informados, esses mortos sejam alcançados pela voz poderosa de seu Senhor ou do apóstolo, podendo dar-lhe ouvidos e obedecer. De forma alguma morreram totalmente, mas sua pessoa continua vivendo e pode ser interpelada. 
3. Como se relaciona esse “viver junto do Senhor” com a “ressurreição”? Temos pouco a dizer sobre isso, pelo fato de que as declarações do NT sobre o estado intermediário na realidade são de certeza inequívoca em sua forma fundamental, mas não nos fornecem uma descrição palpável. Uma coisa, porém, é certa: após a morte ainda não estamos na “glória”. Estaremos do mesmo modo em “estado de espera” como nosso próprio Senhor “aguarda, daí em diante” à direita de Deus (Hb 10.13; 1Co 15.25s). Não se trata pura e simplesmente de nós mesmos e de nossa bem-aventurança! Estão em jogo as grandes coisas de Deus. Elas de forma alguma chegaram ao alvo quando nós chegamos a uma vida junto do Senhor após nossa morte física. A “glória” virá somente por meio da parusia, por meio do reino de paz no último milênio da história desta terra, por meio do juízo mundial, por meio da criação do novo céu e da nova terra, nos quais habita justiça [2Pe 3.13]. Somente ao presenciarmos esses grandiosos eventos obteremos participação na “glória”, que nos foi assegurada com certeza (Rm 5.2; 8.17s; 2Co 4.17s; Cl 3.4; 1Ts 2.12; Jo 17.24). Por isso na realidade não aguardamos a morte e a continuação de nossa vida no paraíso, mas a “ressurreição”, a “redenção de nosso corpo” (Rm 8.11; 8.23), e sabemos que seremos iguais a nosso Senhor até na gloriosa corporeidade, quando o vermos como ele é (Fp 3.21; 1Jo 3.2) 

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Traga-me um verme que possa entender o homem
 e eu te trarei um homem que possa entender a Deus